Gênio português brilhou com três gols em empate alucinante no clássico ibérico e mandou recado na comemoração: ele quer mais
"The GOAT": o recado dado por Cristiano Ronaldo em Sochi (Hannah McKay/Reuters)
SOCHI – É apenas o segundo dia, mas já e possível presumir que poucos ou nenhum jogo da Copa do Mundo de 2018 serão tão intensos e empolgantes quanto o empate por 3 a 3 entre Espanha e Portugal (ou seria apenas Cristiano Ronaldo?) em Sochi, nesta sexta-feira. O futebol espanhol parecia ter armado um incrível plano de autossabotagem nos últimos dias e, com uma ajuda brasileira tentou desfazê-lo, mas Cristiano estava ‘imparável’. Com três gols e uma presença genial, ofuscou uma grande atuação de Diego Costa, o atacante nascido em Lagarto, Sergipe, que optou por defender o país que o revelou para o mundo. Em um gesto que ganhará as manchetes, Cristiano deixou claro: não quer ser apenas o craque da Copa, mas o melhor da história do futebol.
A crise no selecionado espanhol apimentou ainda mais a partida e foi causada única e exclusivamente por orgulho – no sentido negativo da palavra. Teve início na tarde de quarta-feira, quando o Real Madrid, clube-símbolo do país e casa de Cristiano, anunciou, de forma estranha e surpreendente, que Julen Lopetegui seria seu treinador depois do Mundial. Uma atitude absolutamente desnecessária, que poderia ser revelada em julho, com o único intuito de demonstrar seu poderio – como se o tricampeonato consecutivo da Champions não fosse suficiente. Furioso por não ter tomado conhecimento da negociação, o presidente da federação espanhola, Luis Rubiales, não perdoou a conduta de Lopetegui (que certamente também poderia ter agido de forma mais ética). Uma bronca e panos quentes bastariam, mas Rubiales preferiu mandar Lopetegui para Madri e promover o ex-zagueiro e atual dirigente Fernando Hierro a treinador. “Una locura”, repetiam os jornalistas espanhóis ao tomar conhecimento da bombástica demissão na manhã de quinta-feira. Não teria tido grandes consequências, devido à qualidade de seus atletas, não fosse uma noite mágica de um craque que conhecem tão bem.
tiano, que, especula-se, pode deixar o Real Madrid, foi novamente Cristiano. Nos primeiros toques, uma pedalada e um toque ‘de letra’. Ele dava o sinal: não aliviaria para os colegas de clube, e muito menos para o rivais do Barcelona. E com apenas dois minutos jogados, invadiu a área e caiu depois de leve toque de Nacho, seu parceiro de Real Madrid. Lance interpretativo, o árbitro italiano Gianlucca Rocchi não pediu auxílio ao VAR, e assinalou a penalidade. CR7 cobrou firme e com categoria, como de costume – os críticos que o chamam de “Penaldo”, pelo alto número de gols de pênalti, talvez ignorem a pressão envolvida nesses momentos e o fato de que, nos momentos mais decisivos, Cristiano raramente falha.
‘GOAT’
Na celebração, Cristiano coçou o queixo, como se tivesse barba. As redes sociais logo mataram a charada. Ele se autoproclamou “the Goat” (que em inglês significa bode, o animal barbudo, e também a abreviação de “greatest of all times“, ou o maior de todos os tempos). Uma muita provável resposta ao adversário argentino Lionel Messi, que recentemente posou com filhotes de bode em uma campanha. Os mais de 44.000 torcedores no estádio Fisht enlouqueceram, mas mal sabiam que o melhor ainda viria mais tarde.
A Espanha sentiu o baque e escapou do pior em jogadas mal aproveitadas por Gonçalo Guedes, mas depois tomou o controle do jogo a seu estilo, no toque de bola. O gol, no entanto, saiu em jogada nada característica e com sotaque nordestino. O sergipano Diego Costa dividiu com o alagoano Pepe, soltou o braço no adversário e depois driblou os defensores para marcar um golaço. Os portugueses reclamaram de falta, o árbitro Rocchi colocou a mão no ouvido, num indício de consulta ao árbitro de vídeo (seria a primeira da história dos Mundiais) e manteve sua decisão: 1 a 1.
Portugal voltou à frente no fim da primeira etapa. Cristiano agiu rápido e bateu de esquerda, sem tanta força, mas o ótimo goleiro David de Gea falhou e deixou a bola entrar. Novo grito de “Siiiii” do melhor do mundo. A Espanha voltou a empatar, novamente com Diego Costa completando jogada ensaiada de bola parada e chegou à virada em um tiro espetacular de Nacho. Parecia que a crise na Espanha estaria liquidada, até que uma falta na meia-lua foi marcada. O estádio viveu a jogada com enorme expectativa, o respiro de Cristiano no telão hipnotizou todos. Talvez até mesmo o goleiro De Gea, que nem sequer pulou na bola que morreu no ângulo. Cristiano, de 33 anos, se tornou o jogador mais velho a fazer três gols em Mundiais. Também o primeiro português a jogar quatro Copas – marcou em todas. Igualou o húngaro Ferenc Púskas com 84 gols por sua seleção. Mostrou que não quer ser coadjuvante na Copa novamente. E se candidatou ao posto de melhor da história
1/16Joao Moutinho de Portugal durante jogada contra Andres Iniesta - 15/06/2018 (Carlos Barria/Reuters)
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1/16Joao Moutinho de Portugal durante jogada contra Andres Iniesta - 15/06/2018 (Carlos Barria/Reuters)
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